quinta-feira, 18 de junho de 2009

O QUE É REDE?


O QUE É REDE?
Uma rede é uma costura dinâmica de muitos pontos, é uma forma de organização capaz de reunir pessoas e instituições em torno de objetivos comuns, primando pela flexibilidade, dinamismo, democracia e descentralização na tomada de decisões, com alto grau de autonomia de seus membros e horizontalidade das relações entre seus elementos.
CARACTERÍSTICAS FUNDAMENTAIS DE UMA REDE
A rede tem características específicas, que a distinguem de outros tipos de estruturas organizativas, que são:
• Autonomia das pessoas e instituições que compõem a rede;
• Horizontalidade das relações entre seus componentes;
• Cooperação como modo de trabalho; e,
• Interação na constante troca de informações.
Essas características se desdobram em diversos aspectos que produzem a identidade da rede, dentre os quais podemos destacar:
1. CONECTIVIDADE
A conectividade é um aspecto de ligação e interligação entre os integrantes da Rede. Esse princípio é fundamental, pois quanto maior for a participação e conectividade dos seus membros, mais efetiva será a Rede. Neste contexto, cada membro é desafiado a fazer novas conexões. A conectividade e a participação dos membros nas ações da rede são o suporte para seu fortalecimento e credibilidade.
2. AUTONOMIA
Cada indivíduo torna-se membro da rede por vontade própria, essa vontade é fruto do desejo individual de integrar um projeto coletivo que, apesar de seu caráter coletivo, mantém a independência dos membros em relação à rede e aos demais membros. Isso condiciona o estabelecimento das regras que orientam os relacionamentos no interior da rede. Também acentua relações igualitárias de membros empoderados entre si, pois cada participante tem sua governabilidade e nível de poder já estabelecido.
3. DESCENTRALIZAÇÃO
Uma rede não tem centro, pois não tem poder concentrado. No processo relacional entre seus membros, cada ponto é um centro virtual da rede de onde podem convergir todas as ações e brotar as decisões. Esse processo produz a descentralização. Numa rede há investimentos de confiança e poder no participante do sistema, qualquer que seja ele.
4. HORIZONTALIDADE
Entre os membros da rede não existe hierarquia, já que a autonomia de cada um é preservada e sua adesão à rede é voluntária. Isso garante a desconcentração do poder. A isonomia, ou seja, o tratamento igual para todos, é um dos fatores inibidores de hierarquia dentro da rede.
Quando a realização de um objetivo depende do engajamento consciente de todos na ação, o comando e controle do que os outros fazem ou deixam de fazer torna-se secundário: tem que se contar é com a lealdade dos membros para com todos, baseada na co-responsabilidade e na capacidade de iniciativa de cada um, e a organização pode ser feita numa estrutura em rede, horizontal.
5. COOPERAÇÃO
É um aspecto de trabalho coordenado entre parceiros que são iguais entre si, e regidos pelo mesmo conjunto de regras e procedimentos. A cooperação é um modo de operação e também um valor que deve ser compartilhado por todos na rede. A participação em redes não requer qualquer habilidade especial, a não ser a predisposição a cooperar. A cooperação gera dinamismo, o que faz com que a rede seja uma estrutura em movimento permanente.
6. INFORMAÇÃO
As informações são elos básicos, fios e tessituras que dão consistência a uma rede, elas transitam pelos canais que interligam seus integrantes. Por não existir centro nem hierarquia entre seus membros, há liberdade na circulação de informações, bem como na intercomunicação horizontal, que são exigências essenciais para o bom funcionamento de uma rede. Todos os membros devem ter acesso a todas as informações que nela circulam pelos canais que os interliguem.
7. RESPEITO À DIVERSIDADE
A preservação da autonomia de cada um leva ao respeito à diferença e à diversidade. Cada membro da rede é um ser autônomo que prima por sua individualidade e pela diferença que esta representa. A rede é uma espécie de contrato de interdependência, que preserva a autonomia de cada um no interior do sistema.
A razão de existir da rede é um conjunto de propósitos comuns a todos os participantes. Em geral, esse conjunto de propósitos incorpora também um conjunto de valores e objetivos comuns. Participar de uma rede implica, portanto, compartilhar dos mesmos propósitos, valores e objetivos comungados pelos integrantes da rede.
8. DEMOCRACIA
A democracia é um aspecto que valoriza a liberdade de opinião, e negociação e a construção coletiva. Sem democracia não há rede, pois não há outra forma de se tomar decisões e de solucionar conflitos dentro de uma rede senão pela democracia. Como na rede não se estabelece hierarquia, a democracia propicia ambiente favorável à distribuição de tarefas em níveis diferentes de responsabilidade, com vistas à realização dos objetivos perseguidos. O grau de democracia de uma rede é medido pela liberdade para entrada e saída de membros e pela livra circulação de informações, sem censuras ou manipulações.

COMO ORGANIZAR A REDE
1. O PROJETO DA REDE
O primeiro passo para se organizar uma rede formal é identificar claramente seu objetivo, ou seja, o que visam alcançar os que querem assim se organizar.
2. DEFINIR ATRIBUIÇÕES E LEGITIMAR REPRESENTAÇÃO
Em uma rede todos são iguais, todos têm iniciativa, todos são sujeitos de sua ação, guardam sua liberdade e são co-responsáveis pela ação da mesma. Para que a rede funcione é necessário que haja a distribuição de funções. Os integrantes da rede têm que saber a quem enviar informações e como as enviar, assim como a quem pedir informações e como pedi-las.
Uma rede supõe, portanto, algum tipo de serviço que facilite essa circulação, por exemplo, um secretariado ou um conjunto de secretariados interligados, cuja função é de facilitação da intercomunicação – e não de direção, comando ou coordenação da rede – não lhes sendo atribuído, portanto, o poder de controlar, esconder, hierarquizar, selecionar, censurar ou orientar informação que deva circular.
Tais secretariados, que “servem” à rede, devem ter seu poder legitimado pelos seus participantes. Ou seja, têm que ser aceitos ou escolhidos e “sustentados” materialmente, direta ou indiretamente, por eles.
3. SUPORTE SISTEMÁTICO
A circulação de informações supõe também algum tipo de suporte sistemático – escrito, gráfico, auditivo ou informatizado – que faça chegar a informação ao conjunto de participantes, no ritmo, freqüência, linguagem e modo estabelecido de comum acordo por eles.
4. LIVRE CIRCULAÇÃO DE INFORMAÇÕES
Se algum participante quiser fazer uma proposta de ação conjunta, esta deverá circular por toda a rede como qualquer outra mensagem. A organização da ação conjunta proposta caberá àqueles que assumirem, sem que haja obrigatoriedade de participação dos demais.
5. ENCONTROS PRESENCIAIS
Os participantes de uma rede podem se encontrar pessoalmente e se reunir sempre que o considerarem necessário ou possível – para debater questões ou mesmo simplesmente festejar. Dependendo das dimensões da rede, tais encontros podem ser elemento importante – e mesmo decisivo – de sua consolidação, pelas relações interpessoais de amizade que assim se estabelecem. Nenhuma reunião desse tipo pode ter, no entanto, caráter deliberativo para o conjunto de participantes da rede. Quaisquer deliberações só vinculam aqueles que a tenham assumido.
6. LIVRE CIRCULAÇÃO DE MEMBROS
Uma rede está sempre aberta para a entrada de novos membros que aceitem as regras de intercomunicação estabelecidas, ainda que as mesmas possam e devam ser revistas à medida que a rede alcance seus objetivos defina novos objetivos. O auto-desligamento de qualquer de seus membros não deve, por outro lado, constituir problema, para que se assegure a plena liberdade de opção de cada um.

BIBLIOGRAFIA:
Redes e desenvolvimento local. Cássio Martinho: AED, Revista Aminoácidos, nº. 1, 2001.
O projeto das redes: horizontalidade e insubordinação. Cássio Martinho: AED, Revista Aminoácidos, nº. 2, 2002.
A rede como fábrica de possibilidades. Cássio Martinho: AED, Revista Aminoácidos, nº. 5, 2003.
Introdução às Redes. Cássio Martinho, texto na internet: cassiomartinho@aed.org.br
Rede: Uma estrutura alternativa de organização. Chico Whitaker, CEDAC, Revista Mutações Sociais, ano 2, nº. 3, março a maio 1993.
Construindo uma comunidade de prática em DLIS. Texto apresentado por ocasião do II Encontro de Projetos PNUD e Parceiros em Desenvolvimento Local Integrado Sustentável – DLIS; Brasília, 2 e 3 de dezembro de 1999.
A prática da gestão de redes: uma necessidade estratégica da sociedade da informação. Ana Cristina Fachinelli, Christian Marcon e Nicolas Moinet. Publicado na Revista Com Ciência.
Rede de Microempresas e trabalhador empreendedor. Pedro Cláudio Cunca Bocayuva. FASE-RJ. Texto produzido para o seminário sobre desenvolvimento local integrado e sustentável da Agenda Social Rio, agosto de 1999.
A Revolução das Redes: a colaboração solidária como uma alternativa pós-capitalista à globalização atual. Euclides André Mance, IFIL, dezembro de 1991.
Informações forneceidas pela coordenadora do CRAS-CENTRO - PAULA GOMES EM JUNHO/2009.
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